A origem dos gatos remonta a 12 milhões de anos, altura em que os felinos começaram a habitar a Terra juntamente com outras formas de protoanimais, como elefantes, camelos e cavalos. Os continentes ainda não estavam na sua posição definitiva e cadeias montanhosas como os Himalaias, os Pirenéus e os Alpes estavam em formação.
Atualmente, existem aproximadamente 35 raças de gatos, que se podem agrupar em quatro grandes grupos:
- Panthera (gatos grandes)
- Felis (gatos pequenos)
- Acinonyx (chita)
- Neofelis (leopardo-marmorado)
Como foi a domesticação dos gatos ao longo da história?
A domesticação dos gatos começou há cerca de 4.000 anos, no Antigo Egito, onde eram usados para manter os ratos afastados dos celeiros e armazéns de cereais.
Nesta cultura, os gatos atingiram o seu auge, sendo considerados animais sagrados e até mesmo divindades. Uma curiosidade sobre gatos é que existiam leis que proibiam a sua exportação, e os cidadãos eram obrigados a trazer de volta qualquer gato encontrado fora das fronteiras egípcias.
A morte de um gato, mesmo que acidental, era punida com pena de morte. Quando um gato doméstico morria, a família enlutava-se e rapava as sobrancelhas em sinal de luto. As famílias mais ricas mandavam mumificar os seus gatos falecidos – em 1890, em Beni Hassan, foi descoberto um cemitério antigo onde se encontravam cerca de 300.000 múmias de gatos embalsamados.
A expansão dos gatos domésticos pelo mundo
Depois do Egito, outras civilizações começaram a domesticar gatos. Os fenícios levaram-nos para Itália, de onde se espalharam pelo resto da Europa. Com o avanço da navegação e das viagens transatlânticas, marinheiros e comerciantes levaram os gatos para todo o mundo.
Por volta do ano 500 a.C., os gatos já eram comuns na China. Primeiro pertenciam à nobreza, depois ao povo. A raça Persa tem origem no Irão e a Siamesa, na Tailândia.
Durante a Idade Média, os gatos foram associados ao diabo e à bruxaria, mas, a partir do século XVIII, tornaram-se animais domésticos populares em quase todo o mundo.
Sabia que havia territórios onde não existiam gatos?
Os únicos locais sem gatos eram Austrália, a Antártida e algumas ilhas remotas. No resto do mundo, os gatos chegaram por meios naturais ou foram levados por humanos. Em alguns casos, isso teve consequências devastadoras para a fauna local, como aconteceu na Austrália e na Nova Zelândia.
Embora a teoria mais aceite seja a domesticação egípcia, existem várias lendas sobre a origem dos gatos.
Lendas associadas aos gatos
- A lenda da criação: Diz-se que, no momento da Criação, todos os animais fizeram pedidos a Deus. O pavão pediu beleza, a gazela pediu velocidade, o leão pediu coragem, o cavalo pediu graça, e assim por diante. O gato, que estava no fim da fila, pediu um pouco de cada qualidade, tornando-se um dos animais mais perfeitos.
- Lenda grega: A deusa Diana criou o gato para ridicularizar o leão, que tinha sido criado pelo seu irmão, Apolo.
- Lenda muçulmana: Conta-se que o gato nasceu da paixão entre um sino e uma leoa soberba, dando origem ao gato doméstico.
- Lenda egípcia: O deus do sol, Rá, cansado da rebelião dos homens, enviou a sua filha, que assumiu a forma da leoa Sekhmet, furiosa e sanguinária. Sekhmet começou a exterminar a humanidade, e Rá teve de enviar o guerreiro Onuris para a acalmar, transformando-a em Bastet, a deusa da música, dança, alegria e maternidade. Bastet era representada como uma mulher com cabeça de gato ou como um felino sentado. Entre as raças de gatos atuais, o Abissínio é o que mais se assemelha às representações de Bastet.
Superstições sobre os gatos ao longo da história
Os gatos pretos foram perseguidos pela Igreja Católica, que os associava a rituais pagãos e bruxaria. No século XV, acreditava-se que os gatos eram utilizados em cerimónias diabólicas. Quem tivesse um gato preto podia ser acusado de bruxaria.
Na Inglaterra, França e Alemanha, no Dia de Todos os Santos, era comum queimar caixas e sacos com gatos vivos. No século XVII, após perseguições intensas, quase não havia gatos na Europa. Isso levou a uma multiplicação descontrolada de roedores, contribuindo para a Peste Negra. Foi Napoleão, que não gostava de gatos, quem incentivou a sua criação e proteção para combater a praga de ratos que assolava França.