O Parto e a Criação dos Gatinhos

A sua gata está grávida ou tem gatos recém-nascidos em casa? Descubra tudo sobre o parto e os cuidados que os gatinhos precisam nos primeiros dias de vida. 

O parto dos gatinhos 

Um parto normal numa gata pode demorar 4 a 42 horas, sendo que o tempo médio mais comum é de cerca de 8 horas. Tendencialmente os partos ocorrem à noite e ao contrário de outras espécies não existe nos gatos uma correlação positiva entre o baixar da temperatura corporal da mãe e a entrada em parto. 

A taxa de mortalidade de neonatos é superior em ninhadas de um só bebé ou nos bebés que nascem com peso muito baixo. E é baixa em gatas grávidas que parem em adultas, com uma boa condição corporal e com ninhadas de 4 a 5 gatinhos. 

Distocia (parto difícil) nos gatos 

Situações de distocia (parto difícil) são raras nos gatos, apresentando apenas uma incidência de 3% nesta espécie. De entre as causas mais comuns para distocia sem dúvida que nas gatas surgem em primeiro lugar causas relacionadas com a mãe (sendo a mais comum inércia uterina primária) e só raramente causas relacionadas com os fetos (mau posicionamento fetal). 

Cientificamente não existe nenhuma correlação entre distocia e a idade da mãe ou o número de bebés da ninhada. 

Perante uma situação de distocia pode ser possível atuar medicamente com recurso a fármacos que auxiliem a contração uterina embora na maior parte dos casos a resolução seja cirúrgica com recurso a cesariana de urgência. 

Fases do parto dos gatos: 

  1. dilatação e perda de líquidos (menos de 2h) 
  1. passagem dos bebés (em média até 6h) 
  1. saída das placentas 

A segunda e a terceira fase normalmente intercalam entre si. A saída dos gatinhos é considerada normal quer eles se apresentem com os braços para a frente quer se apresentem com as pernas. 

Os primeiros dias de vida dos gatos 

Nas primeiras 48h após nascimento o intestino dos gatinhos apresenta-se permeável à absorção de anticorpos presentes no leite materno (colostro). Daí a importância de mamarem leite materno principalmente nos primeiros dias de vida. 

Esta imunidade maternal vai-se perdendo gradualmente ao longo do tempo e daí a necessidade de iniciar o protocolo vacinal perto das 8 semanas de vida do gatinho (altura em que em média a imunidade maternal já apresenta valores insuficientes para proteger o filhote). 

A partir do 21º dia de vida os gatinhos começam a desenvolver a capacidade de digerir algo mais do que o leite materno e é nesta idade que deve ser iniciada a alimentação sólida. Inicialmente deve-se optar por comida húmida fornecida com auxílio de uma seringa porque o gatinho não sabe mastigar, apenas mamar e gradualmente pode-se aumentar a consistência da papa. 

Para evitar dificuldades na digestão bem como permitir uma secagem gradual do leite da mãe (sem causar problemas) o número de refeições de papa deve ir aumentando de dia para dia. À medida que vão ingerindo comida gradualmente mais sólida é necessário disponibilizar água para que se possam manter hidratados e saudáveis. 

Cuidados veterinários para gatos recém-nascidos 

Vacinação dos gatinhos 

Segundo as Guidelines Internacionais da WSAVA (World Small Animal Veterinary Association), para uma correta imunização (vacina trivalente), a primeira vacina deve ser administrada pelas 8 semanas, reforçada passadas 3 a 4 semanas e a última vacina do primeiro ciclo de vacinação dos gatos deve ser administrada às (ou após as) 16 semanas. 

O que significa que na maioria dos casos os gatinhos necessitarão de 3 reforços da vacina trivalente para poderem estar corretamente protegidos. 

Desparasitação dos gatinhos 

Nesta fase da vida dos gatinhos também se dá início ao processo de desparasitação. Desparasitação interna quando falamos de parasitas intestinais e desparasitação externa quando falamos de parasitas externos como pulgas, carraças, ácaros ou piolhos. 

Os parasitas intestinais podem passar pela placenta ou pelo leite maternal da mãe para as crias. O ciclo de vida destes parasitas ronda os 15 dias em média pelo que iniciamos o plano de desparasitação aos 15 dias de vida do gatinho. As parasitoses intestinais condicionam o saudável desenvolvimento dos bebés pelo que é extremamente importante cumprir o plano de desparasitação recomendado pelo veterinário. 

Alguns parasitas mais específicos requerem desparasitantes próprios pelo que se deverão realizar análises às fezes para determinar que tipo de parasita se encontra presente. 

A desparasitação externa deve ser adaptada também à idade e ao peso e deve ser realizada para evitar infestações de parasitas em casa. 

Socialização 

Os gatinhos aprendem a socializar com a mãe e com os seus irmãos de ninhada. Esta aprendizagem nunca poderá ser substituída de igual forma por um humano, daí que os bebés não devem sair da mãe antes dos dois a três meses de vida. 

Quando os gatinhos têm contacto regular com humanos antes das 10 a 12 semanas de vida, habitualmente  isso fá-los   confiar mais na nossa espécie evitando possíveis fobias futuras. Para aumentar a ligação humano – gatinho, podemos entrar em brincadeiras com ele, usar brinquedos interativos, fornecer alguns alimentos à mão, acariciar o gatinho várias vezes, entre outros pequenos gestos carinhosos que gostem. 

Um novo gatinho em casa 

A introdução de um novo gato em casa pode requerer uma socialização adicional principalmente em gatos(as) mais velhos(as). Alguns gatos adultos mais territoriais vão sempre ver o novo gato como um intruso e isso pode levar a comportamentos indesejados como marcação de território urinando em locais inapropriados, defecar à porta da caixa da areia (liteira) ou atirar a areia toda para fora e em último caso podem entrar em confrontos físicos (lutas). 

Os gatos devem ser introduzidos a qualquer outro novo animal de forma gradual. Numa fase inicial permitir apenas que se cheirem através de uma porta sem se verem. Passado um ou dois dias, se ambos parecerem calmos, deve-se prender alternadamente um e outro e permitir que o que não está preso vá explorar o território do outro, e passados mais um dia ou dois, se ambos permaneceram calmos, abrir a porta que os separa e permitir que se vejam sem forçar esse contacto, deixando que tudo ocorra com o máximo de naturalidade possível e sempre sobre supervisão. Inicialmente por períodos curtos mas que gradualmente vão sendo maiores. 

Muitas vezes é necessária uma boa dose de paciência para fazer com que a adaptação ocorra, podendo levar 6 meses ou mais até que o novo gato se integre completamente na nova casa e com os outros gatos. 

Fontes: 

https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/01/WSAVA-vaccination-guidelines-2015-Portuguese.pdf 

https://www.dvm360.com/view/feline-reproduction-overview-proceedings 

https://www.merckvetmanual.com/cat-owners/routine-care-and-breeding-of-cats/breeding-and-reproduction-of-cats 

https://www.vin.com/apputil/content/defaultadv1.aspx?pId=11223&catId=31441&id=3859260 

AniCura Santa Marinha Hospital Veterinário 

 

 

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