Definição
A Lipidose Hepática caracteriza-se por ser uma patologia onde há uma acumulação de triglicerídeos ao nível das células hepáticas (hepatócitos), levando a uma disfunção no funcionamento deste mesmo órgão. Se não tratada esta patologia pode levar a uma desregulação progressiva com consequências para a vida do animal, podendo em alguns casos ser mortal. A sua origem é secundária a outras patologias ou simplesmente ao facto de o animal não comer. Afeta essencialmente gatos adultos de meia-idade e raramente cães.
Sinais Clínicos
O animal com lipidose hepática caracteriza-se pela presença de um quadro clínico no qual se pode observar:
- Perda de apetite e perda de peso
- Icterícia
- Letargia, fraqueza progressiva
- Vómitos, diarreia e obstipação
- Ptialismo
- Flexão ventral do pescoço
- Outros sinais provenientes da causa primária.
Como potenciais fatores de risco temos animais obesos, com anorexia, balanço negativo de azoto, rápida perda de peso ou défice em Vitamina B12.
Diagnóstico
O diagnóstico de lipidose hepática é feito por uma combinação de vários testes de diagnóstico que permitem, além de identificar a lipidose, descobrir a causa primária a ela associada.
Ao hemograma podemos observar uma anemia não regenerativa ou anemia hemolítica; pode haver presença de hipofosfatémia e observação no esfregaço de corpos de Heinz. O leucograma é indicativo de alguma patologia.
Uma vez que alguns fatores de coagulação são produzidos no fígado, a lipidose hepática pode estar associada a alterações da coagulação.
A nível bioquímico podemos obter nos resultados um aumento da bilirrubina, alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA); a gama glutamil-transpeptidase (GGT) pode estar aumentada ou normal nos casos em que não ocorre desordem primária inflamatória. A ureia está diminuída e a creatinina normal.
Ao nível da urina os animais com lipidose apresentam lipidúria e uma urina não concentrada.
A nível da imagiologia, ao raio-X é observável um aumento do fígado, sendo que ao exame ecográfico o parênquima do fígado apresenta alguma hiperecogenicidade, em virtude do aumento de triglicerídeos.
O diagnóstico definitivo é alcançado pelo conjunto da história clínica, elevados valores de fosfatase alcalina, padrão hepático difuso à ecografia e hepatócitos com vacúolos lipídicos à citologia aspirativa.
Tratamento
O tratamento da lipidose hepática deve ser sempre dirigido à causa primária. A dieta é outro ponto basilar no tratamento de animais com lipidose. Deve ser fornecida uma dieta com elevado valor proteico e caso o animal não coma por sua iniciativa a alimentação deve ser forçada ou então colocado um tubo de alimentação.
A suplementação vitamínica, com Vitamina B12 ou Vitamina K1, deve ser feita caso seja necessária.
O tratamento descrito revela-se eficaz em 85% dos casos severamente afetados, sendo que raramente há recidivas da lipidose e não há afeção crónica do fígado.
Como em qualquer patologia a prevenção é a chave para evitar a lipidose hepática. Cabe ao dono evitar o aumento de peso do seu animal, evitando que este adquira conformação obesa. O dono desempenha um papel igualmente importante durante o período de tratamento, cabendo-lhe a função de verificar e controlar a quantidade de comida ingerida pelo seu animal evitando perda de peso abrupta.