Definição
A necrose asséptica da cabeça do fémur, ou doença de Legg-Calvé-Perthes é uma doença ortopédica que afeta a articulação da anca de animais em crescimento, concretamente a cabeça do fémur. Como o nome indica, caracteriza-se por uma necrose (ou seja, morte celular), sem que haja qualquer envolvimento de microrganismos (daí a designação asséptica).
A verdadeira causa desta condição permanece desconhecida. Diversos fatores, tais como desequilíbrios hormonais, trauma, inflamação, nutrição inadequada e fatores genéticos têm sido propostos. A questão da hereditariedade está provada em cães de raças pequenas, sobretudo em Poodle Miniatura, West Highland White Terrier e Manchester Terrier. A maior parte dos pacientes tem entre 4 e 11 meses de idade, sendo os machos e as fêmeas igualmente atingidos. Normalmente esta situação é unilateral, mas cerca de 12,5-16,5% dos animais afetados podem apresentar um envolvimento bilateral.
Não obstante, a teoria mais popular para o surgimento desta condição é uma deficiência da irrigação arterial, que resulta em múltiplos episódios de enfarte (isto é, morte celular por diminuição do suprimento sanguíneo). Segundo esta teoria, numa fase inicial da doença, a cabeça do fémur vê as suas células a começarem a ser destruídas; seguidamente segue-se uma fase de fragmentação, com diminuição da espessura da articulação da anca e formação de fendas na superfície articular. Nesta fase é normal que a placa de crescimento sofra alterações, resultando em alterações de crescimento ósseo. Há uma tentativa de remodelação óssea, mas o resultado acaba por ser sempre uma deformação da cabeça e colo femorais, quase sempre associada a dor e claudicação do membro posterior afetado.
Sinais Clínicos
Casos moderados de NACF podem não apresentar sintomatologia. Já os casos mais severos resultam em claudicação que pode variar de intermitente a aguda, em que o animal não consegue suportar qualquer peso no membro.
Durante o exame físico, aquando da palpação e manipulação da articulação da anca, estes animais apresentam desconforto, podendo verificar-se alguma crepitação e atrofia muscular.
Diagnóstico
O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, história pregressa e radiografias da região pélvica. A tomografia computorizada (TC) poderá ser mais sensível que o raio-X na visualização do defeito.
Tratamento
O tratamento conservativo com base em repouso e analgésicos resulta na resolução da claudicação em 25% dos casos. Contudo, o tratamento cirúrgico (excisão da cabeça e colo femorais ou total substituição) é preferível, já que resulta na resolução da claudicação e desconforto em 84 a 100% dos casos.
A análise histopatológica e potencialmente a cultura do osso removido são recomentadas para confirmação do diagnóstico.