A luxação patelar é uma condição em que a patela ou rótula, se desloca da sua posição normal, abandonando a fossa troclear do fémur.
É um dos problemas ortopédicos mais comuns em cães, principalmente nos de raça pequena/miniatura.
É uma condição congénita, embora aquando do nascimento apenas possam ser detetadas as anomalias conformacionais predisponentes para esta patologia, sendo que a luxação só se revelará mais tarde. É também uma condição hereditária, o que quer dizer que é transmitida à descendência, pelo que a reprodução destes animais é desaconselhada.
A luxação patelar medial é a mais comum em todas as raças, representando 98% dos casos. Está associada a “coxa vara”, uma deformidade do quadril que se caracteriza por uma diminuição do ângulo entre o colo do fémur e o eixo femoral. Esta está ainda associada à rutura do ligamento cruzado cranial.
Sinais Clínicos
A luxação patelar pode ser classificada em quatro graus, em função dos sinais clínicos apresentados e das deformidades anatómicas presentes. Este método de classificação por graus é bastante útil, quer para estabelecer um diagnóstico, quer na escolha do tratamento.
Grau I: Neste grau a luxação é usualmente um achado acidental do exame físico, e normalmente, não está associada a claudicação. A patela pode ser manualmente luxada com o joelho em extensão total, mas retorna para a fossa troclear imediatamente após libertação do membro. Não há crepitação do joelho, nem deformidades ósseas associadas.
Grau II: Ocorre uma saída da patela da sua localização anatómica normal, luxação espontânea, com sinais clínicos não dolorosos, e claudicação “aos saltos”. Ocorre um desenvolvimento de deformidades leves. A luxação pode evoluir para grau III à medida que ocorre erosão progressiva das cartilagens das superfícies patelar e troclear, ou então, a rutura do ligamento cruzado cranial.
Grau III: A patela encontra-se sempre fora do seu lugar habitual (luxada), mas pode ser reduzida manualmente. Pode ser associada a claudicação leve, moderada ou severa. A marcha é anormal e arrastada. As deformidades anatómicas são mais severas do que nos graus anteriores.
Grau IV: Esta é a forma mais severa desta condição, com luxação permanente da patela, que não pode ser reduzida manualmente. Há um início agudo da claudicação, ou agravamento súbito da claudicação crónica que é concomitante com a rutura do ligamento cruzado cranial nestes pacientes. As deformidades ósseas aqui são muito severas.
Diagnóstico
Muitas vezes, as luxações patelares assintomáticas são apenas encontradas por acidente, durante o exame físico de rotina. O exame físico deve ser cuidado, para avaliar o grau de luxação e verificar se existe doença do ligamento cruzado cranial concomitante. Procede-se à avaliação da marcha, a passo e a trote, para detetar os possíveis defeitos conformacionais e determinar o grau de claudicação.
Para complementar, os exames radiográficos são úteis na determinação do grau das alterações degenerativas do joelho, e cruciais para identificar as alterações no esqueleto.
Em alternativa aos exames radiográficos, a TAC também é útil para quantificar ou determinar as deformidades do esqueleto.
Tratamento
O tratamento depende do grau da luxação.
Para pacientes Grau I sem sinais clínicos, está indicado tratamento conservativo. Se aparecerem sinais de claudicação o paciente deve ser reavaliado.
Caso o paciente seja Grau II e apresente sinais clínicos significativos está aconselhada a cirurgia. No entanto, se a claudicação for leve e infrequente, e o grau de osteoartrite for leve e não progressivo, o tratamento conservativo pode ser o mais indicado.
Para o Grau III e Grau IV está aconselhada a correção cirúrgica para evitar que ocorra deformação óssea progressiva e osteoartrite.